A narigueira emplumada Nambiquara atravessa o orifício artificial do septo nasal, perfurado durante a cerimônia de iniciação à puberdade masculina. Pode apresentar dimensões variadas, a depender da pena empregada. A de pena de arara tem aproximadamente trinta e cinco centímetros de comprimento e a de mutum ou gavião mede em torno de vinte e cinco centímetros. Essa única pena está encastoada a um pequeno rolete de taquara e este a uma haste de madeira circundada por uma roseta de plumas pretas, vermelhas e amarelas do tucano, atadas a um cordel de algodão untado com cera de abelhas.
O SERVIÇO DE PROTEÇÃO AOS ÍNDIOS
Carlos Augusto da Rocha Freire
Doutor em Antropologia Social pelo Museu Nacional/UFRJ
Coordenador de Divulgação Científica do Museu do Índio
O Serviço de Proteção aos Índios e Localização dos Trabalhadores Nacionais (SPILTN, a partir de 1918 apenas SPI) foi criado, a 20 de junho de 1910, pelo Decreto nº 8.072, tendo por objetivo prestar assistência a todos os índios do território nacional (Oliveira, 1947).
O projeto do SPI instituía a assistência leiga, procurando afastar a Igreja Católica da catequese indígena, seguindo a diretriz republicana de separação Igreja-Estado. A idéia de transitoriedade do índio (Oliveira, 1985) orientava esse projeto: a política indigenista adotada iria civilizá-lo, transformaria o índio num trabalhador nacional. Para isso, seriam empregados métodos e técnicas educacionais controlando esse processo, baseado em mecanismos de nacionalização dos povos indígenas. Os regulamentos e regimentos do SPI estiveram voltados para o controle dos processos econômicos envolvendo os índios, estabelecendo uma tipologia para disciplinar as atividades a serem desenvolvidas nas áreas. Era uma classificação que definia o modo de proceder e as intervenções a serem adotadas, disciplinando a expansão da cidadania.