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Pesquisa Escolar

Darcy Ribeiro e o Museu do Índio

Carlos Augusto da Rocha Freire
Antropólogo, Coordenador de Divulgação Científica do Museu do Índio

 

Senador, Vice-Governador, Ministro. O antropólogo Darcy Ribeiro viveu momentos importantes da história do Brasil, mas foi na vivência com os índios que ele construiu o sentido de sua vida, uma alma romântica a guiar suas lutas pelo povo brasileiro.

Darcy foi contratado como etnólogo da Seção de Estudos do Serviço de Proteção aos Índios (SPI),  em 1947,  e logo viajou para o Mato Grosso com sua companheira Berta Ribeiro, a pesquisar a arte, a religião e as condições de sobrevivência do povo Kadiwéu. A empatia foi tanta que este trabalho inicial foi premiado e todos os produtos coletados – de fotos a artefatos – constituem hoje acervo do Museu do Índio.

Entre 1949 e 1951, Darcy realizou duas expedições de pesquisa ao Maranhão, junto com o cineasta Heinz Foerthmann, onde documentou a população cabocla e os índios Urubu-Kaapor.  Além de escrever relatórios e livros, Darcy produziu com Foerthmann centenas de fotos e o famoso documentário “Um dia na vida de uma tribo da floresta tropical” (1949). Todo esse acervo está depositado no Arquivo do Museu do Índio, uma parcela significativa dele podendo ser examinada nos diários de campo de Darcy, os “Diários Índios: os Urubus-Kaapor” (1996). Ele também constituiu para o museu uma coleção da belíssima plumária dos Kaapor, exibida em inúmeras exposições do Museu do Índio e divulgada no livro “Arte Plumária dos índios Kaapor”(1957), produzido com Berta Ribeiro.

Todo o acervo recolhido nas expedições de Darcy juntou-se àquele depositado no Instituto Benjamin Constant pelo SPI para dar origem, em 1953, ao Museu do Índio. Segundo Darcy, o museu é a sua obra mais significativa, a que ele mais amava. Rondon tinha enorme confiança no trabalho de Darcy, que tornou o museu conhecido internacionalmente como um “museu contra o preconceito”, acolhendo inúmeros visitantes que iriam conhecer o cotidiano da vida indígena.

Dirigindo a Seção de Estudos do SPI, Darcy criou no museu, com o auxílio da CAPES, o “Curso de Aperfeiçoamento em Antropologia Cultural”, para formar novos etnólogos e dar sequência, por meio da instituição, às pesquisas sobre a assimilação dos índios no Brasil. Durante dois anos vários pesquisadores foram formados pelo curso, precursor dos programas de pós-graduação em Antropologia no Brasil.

Em 1956, Darcy denuncia irregularidades no SPI e no ano seguinte se afasta do órgão e do Museu do índio. Só voltará ao museu, na nova sede de Botafogo, para rever seu acervo e selecionar as fotos que ilustraram os “Diários Índios”, ao mesmo tempo que criava a Fundação Darcy Ribeiro (Fundar).

REFERÊNCIAS

RIBEIRO, DARCY. Diários índios. São Paulo : Cia. Das Letras, 1996.

RIBEIRO, DARCY E RIBEIRO, BERTA. Arte Plumária dos índios Kaapor. Rio de Janeiro : Civilização Brasileira, 1957.

RIBEIRO, DARCY E FOERTHMANN, HEINZ. Um dia na vida de uma tribo da floresta tropical. Vídeo.

Rio de Janeiro, 17 de fevereiro de 2017.