A mandioca tem uma grande importância cultural na base alimentar para o povo Apurinã. No interior da comunidade, cada família tem a sua roça.
Como são distantes da aldeia, em certos períodos, as famílias chegam a transferir sua morada para lá.
A lida com a mandioca se inicia na estação seca, quando os homens Apurinã preparam o terreno da roça, fazem a limpeza e queimam, conforme o sistema de coivara.
O plantio é uma atividade que envolve toda a família: enquanto o homem abre as covas para, junto com um filho, irem enterrando a maniva (caule da mandioca que serve de muda), a mãe vai cobrindo as covas com terra.
Quando as raízes estão crescidas, são arrancadas da terra pelos homens, que já separam as manivas para o próximo plantio. São eles que levam a produção de mandioca para a aldeia, onde fica a Casa de Farinha, local onde é fabricada.
As mulheres descascam e lavam as raízes da mandioca para os homens ralarem.
Como a quantidade a ser produzida é, em geral, grande, utilizam uma pequena máquina rústica, chamada caititu (em alusão talvez aos catetos, porcos silvestres que atacam roças de mandioca).
É também o homem quem espreme a massa no tipiti, um cilindro trançado de cipó, cuja extremidade superior é amarrada ao alto de uma estrutura de troncos finos. Um travessão preso à extremidade inferior vai puxando, de modo a retirar da massa todo o seu líquido.
Num grande forno abastecido a lenha, a farinha é esparramada no tacho de cobre onde, com o auxílio de uma pá, os homens a torram. Os Apurinã consomem a mandioca na forma de farinha, beiju e caiçuma - bebida fermentada.
A farinha associada ao peixe é a base da dieta Apurinã, que é complementada por frutas silvestres como piquiá, bacuri, cacau bravo, buriti, abacaba, açaí e patuá.