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Pesquisa Escolar

A Diversidade Cultural dos Povos Indígenas

Estima-se a existência de cerca de 200 sociedades indígenas no Brasil. O número exato não pode ser estabelecido, na medida em que existem grupos indígenas que vivem de forma autônoma, não mantendo contato regular com a sociedade nacional.

Os dados demográficos das sociedades indígenas de hoje devem ser interpretados à luz do processo histórico, considerando as formas de contato que cada grupo tem mantido com a sociedade nacional, os efeitos das epidemias e os confrontos que tiveram com as frentes de expansão.

A população dessas sociedades é muito variável, havendo grupos relativamente numerosos como os Tikuna (20 mil), Guarani (30 mil ), Kaingaing (20 mil ), Yanomami (10 mil ) e outros como os Ava-Canoeiros, cuja população atual é de apenas 14 pessoas, o que implica que essa sociedade se encontra seriamente ameaçada de desaparecer.

As sociedades indígenas são muito diferenciadas entre si e, normalmente, essas diferenças não podem ser explicadas apenas em decorrência de fatores ecológicos ou razões econômicas.
Na década de 50, numa tentativa pioneira de caracterizar as semelhanças e diferenças existentes entre os diversos grupos indígenas brasileiros, o antropologo Eduardo Galvão desenvolveu o conceito de áreas culturais. Esse conceito procurou agrupar todas as culturas de uma mesma região geográfica que partilhavam um certo número de elementos em comum.

Assim, os grupos indígenas do Brasil foram classificados em 11 áreas culturais: Norte-Amazônica; Juruá-Purus; Guaporé; Tapajós-Madeira; Alto-Xingu; Tocantins-Xingu; Pindaré-Gurupi; Paraná; Paraguai; Nordeste e Tietê-Uruguai.

A área cultural do Alto-Xingu, por exemplo, adquiriu sua conformação geográfica a partir da observação de certos costumes comuns e específicos à maioria dos grupos indígenas da região. Entre esses costumes, destacam-se: a festa dos mortos, também conhecida como Kuarup; o uso cerimonial do propulsor de dardos; o uluri, acessório da indumentária feminina; as casas de projeção ovalada e tetos-parede em ogiva e o consumo da mandioca como base da alimentação desses grupos.

Decorridos quase 50 anos do estudo de Galvão, permanece a idéia, como recurso didático, de distribuir as sociedades indígenas em áreas, chamando atenção para suas características específicas e, ao mesmo tempo, assinalando a sua diversidade cultural.
Considerando o fato de que várias sociedades indígenas se situam em região de fronteira e que circulam pelos países limítrofes ao Brasil- onde vivem parentes e outros grupos com os quais se relacionam-, uma nova configuração classificatória para as sociedades indígenas vem sendo proposta pelo antropólogo Julio Cesar Melatti - as áreas etnográficas - que se estende para toda a América do Sul.

Para a definição das áreas etnográficas foram consideradas, sobretudo, as seguintes questões: a classificação lingüística, o meio ambiente e o contato das sociedades indígenas entre si e com as sociedades nacionais. A classificação lingüística é importante na medida em que existe um fundo cultural comum às sociedades que falam línguas relacionadas, fazendo supor que sejam oriundas de uma única sociedade anterior, mais remota no tempo. Por essa concepção foram estabelecidas 33 áreas etnográficas para toda a América do Sul.


Bibliografia
Galvão, Eduardo. Áreas culturais indígenas do Brasil 1900 - 1959. Boletim Museu Paraense Emílio Goeldi, n.s., Antropologia, nº 8, Belém, 1960.
Melatti, Julio C. Índios do Brasil. Hucitec, 1980.
Melatti, Julio C. Índios da América do Sul - Áreas Etnográficas. Brasília, UNB, 1997. 2 vol. (mimeo).
Ricardo, Carlos Alberto. Os Índios e a sociodiversidade nativa contemporânea no Brasil. In "A temática indígena na escola". Mec/Mari/Unesco, 1995.