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Pesquisa Escolar

Os Guarani no Rio de Janeiro

Existem índios no Rio de Janeiro. São os Guarani do subgrupo Mbya, falantes da língua Tupi.
Nos Estados Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul vivem, além dos Mbya, os Guarani dos subgrupos Nhandeva e Kaiowá.

Em 1996, as três terras indígenas existentes no Rio de Janeiro - a Terra Indígena Guarani de Bracuí, localizada no município de Angra dos Reis, a Terra Indígena Araponga e a Terra Indígena Parati-Mirim localizadas no município de Paraty - tiveram o processo de demarcação concluído e foram homologadas pelo governo federal. O Presidente da República, seguindo a Constituição brasileira, reconheceu-as oficialmente como terras tradicionais do povo Guarani e fez publicar no Diário Oficial da União os decretos que dão direito aos Guarani a posse permanente dessas terras.
Vivem nas três aldeias, aproximadamente, 450 pessoas. A Terra Indígena Guarani de Bracuí é a que tem a maior população, cerca de 320 indivíduos. Mais da metade é constituída por crianças menores de 14 anos.
Os Guarani que vivem hoje , em território brasileiro, somam, aproximadamente, cinco mil pessoas. Há também Guarani vivendo em áreas na Argentina, Paraguai e Bolívia.
O subgrupo Mbya , em Angra dos Reis, vive no alto da serra em meio à Mata Atlântica, de onde podem avistar o mar. Atravessar o mar e encontrar a Terra Sem Mal, o paraíso mítico, é o sonho dos Guarani. Na busca incessante desse paraíso, que segundo a tradição pode ser alcançado em vida, eles precisam cumprir e respeitar um conjunto de regras e conduta divina que lhes são transmitidas pelos xamãs. São elas que norteiam as relações que mantém com a natureza, com todos os seres humanos e com os espíritos. É o modo de ser e viver guarani, o nandereko.
Um bom lugar para viver, de acordo com o seu nandereko, é próximo ao mar, mas distante dele. Tem que ter terra boa para plantar, pois são, tradicionalmente , agricultores, mantendo roças familiares e plantando, em sistema de rodízio, os principais alimentos de sua dieta como o milho(awati), mandioca(mandio), batata-doce(djety’i), amendoim (manduvi) e feijão(kumandá), uma média de três hectares ao ano.
Tem que ter um lugar para pescar, caçar e colher as frutinhas do mato. Costumam ter sempre próximo às casas de moradia(o’y) árvores frutíferas como complemento alimentar, tais como o abacateiro e a bananeira. A mata é necessária para os índios para colherem o material necessário para a construção de casas, cestos, arcos, ornamentos e objetos rituais, mágicos e religiosos.
A Casa de Reza(opy) ocupa lugar de destaque, convergindo para ela todas as atividades significativas da aldeia. No seu interior, cuja vedação é completa para impedir a entrada de espíritos indesejáveis, os Guarani ouvem as belas palavras(porahei) proferidas pelos xamãs e realizam os rituais funerários, de cura, e do batismo do milho. É no pátio ,em frente a opy, que se realizam as reuniões de deliberação da comunidade e o xondarê, dança lúdica guarani, quando todos brincam ao som do violão e da rebeca.
São os xamãs, conhecidos também por rezadores, que, ouvindo as vozes e orientações dos deuses, os conduziram a esses espaços para que pudessem neles construir suas aldeias, o tekoa.
O tekoa é formado por um complexo de pequenos núcleos, de duas ou mais casas, dispersos pela área escolhida. Nele, as relações sociais e de parentesco, a divisão sexual do trabalho e as relações cosmológicas com os espíritos e o sobrenatural se reproduzem e se atualizam, dando sentido ao modo de ser e viver Guarani.
Há quinhentos anos os Guarani têm enfrentado o desafio de sobreviver de acordo com suas tradições, interagindo com a sociedade brasileira. Vêm selecionando e incorporando as suas tradições e valores as novas necessidades e conhecimentos advindos dessa relação.
Hoje, administram, em parceria com várias instituições, os projetos que escolheram para desenvolver em sua comunidade: a escola bilíngüe, que já produziu uma cartilha Guarani para alfabetização, e um livro contando a história do contato com os não-índios do ponto de vista Guarani; a instalação de um posto de saúde na aldeia e a formação de agentes de saúde guarani; a construção de açudes para piscicultura; a criação de animais ; o ponto de venda de artesanato em Angra dos Reis e o projeto de oficinas fotográficas; entre outros. Na aldeia Sapukai, do tekoa de Bracuí , os Guarani vivem o tempo presente e constroem o futuro de seus filhos.