Sob o manto da sustentabilidade, os Jogos Verdes Indígenas “Celebração dos Povos – Terra é Vida” acontecem com a presença de 400 índios brasileiros e outros 1,2 mil estrangeiros, que tomam a cidade do Rio de Janeiro para construir a Kari-Oca. Essa é a participação indígena brasileira na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.
Há duas décadas, na Eco-92, os indígenas nacionais ergueram uma Kari-Oca na Colônia Juliano Moreira, no Campus da Fiocruz Mata Atlântica, em Jacarepaguá (RJ). Além da discussão de questões ambientais, a meta dos índios é demonstrar, de 12 a 22 de junho, seus esportes tradicionais como fonte de qualidade de vida e respeito aos valores humanos.
A solenidade oficial de abertura dos Jogos Verdes Indígenas será às 17h desta quinta-feira (15.06), na Aldeia Kari-Oca. No dia anterior à abertura, durante o pôr do sol, está programada uma cerimônia espiritual de acendimento do Fogo Sagrado Ancestral Indígena.
Iniciativa do Comitê Intertribal Memória e Ciência Indígena, os Jogos Verdes Indígenas têm apoio do governo federal, por meio de recursos financeiros do Ministério do Esporte e logísticos da prefeitura do Rio de Janeiro. A Kari-Oca conta com o mesmo espaço físico e ambiental de 92, dessa vez, administrado pela Fiocruz.
Na infraestrutura disponibilizada estão quatro ocas construídas pelos povos do Alto Xingu (MT) com a madeira dos arcos originária dessa tribo. Cerca de 20 guerreiros indígenas da etnia foram responsáveis pela montagem da Kari-Oca em território urbano. Duas dessas unidades de habitação serão especiais: a primeira, a eletrônica, será no sistema de alta tecnologia. Batizada de “techno-oca”, abrigará computadores conectados à internet para uso pessoal e transmissão online das atividades. A outra, a da sabedoria, será o ponto de referência das principais lideranças indígenas espirituais, para discussão de questões ligadas a sustentabilidade, economia verde e combate à pobreza.
“Na oca das tecnologias, o índio terá o perfil de beneficiário, utilizando a ferramenta para intercâmbio de conhecimentos, com o intuito de elaborar um documento que será apresentado ao final da conferência. Os indígenas terão que gerar conteúdo”, informou o diretor do Comitê Intertribal Marcos Terena, ao ressaltar que a ideia é facilitar a participação de etnias que não estarão presentes in loco.
Indígenas do exterior - Entre os visitantes, estão indígenas da Bolívia, Peru, Paraguai e Equador, além da etnia Maia, da América Central, Miskitos, da Nicarágua, e as primeiras nações do Canadá. Na Kari-Oca os povos visitantes também apresentarão seus costumes.
Jogos Verdes na Rio+20
A participação desportiva brasileira na Rio +20 envolve a realização de jogos de identidade cultural na conferência, para mostrar ao mundo a riqueza indígena e o potencial de organização de megaeventos esportivos, culturais e de sustentabilidade. Desta forma, o Ministério do Esporte promoveuma versão reduzida dos Jogos dos Povos Indígenas, com a participação de 400 índios de 20 etnias.
Além de competições esportivas e tradicionais, exposição de artesanatos e debates, na última edição dos jogos, no final o ano passado em Porto Nacional, no Tocantins, foi registrada a participação recorde de 39 etnias com a participação de 1,3 mil atletas-índios.
Modalidades
Durante os oito dias de Jogos Verdes Indígenas estão programadas competições em três modalidades esportivas: arco e flecha, arremesso de lança e cabo de força. Ao longo desse período também foram incluídas demonstrações de oito modalidades tradicionais - Jãmparti, Jawari, Kagot, Kaipy, Katukayawa, Ronkrã, Tihimore e Xikunahaty - e das quatro tipos de lutas corporais Aipenkuit, Huka-Huka, Iwo e Idjassú.
Fonte: Ministério do Esporte