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Vestibular indígena realiza entrevistas com candidatos

O procedimento permitiu que os candidatos se manifestassem quanto à origem e documentação. As provas também foram aplicadas no último final de semana

O processo de admissão da Universidade de Brasília para estudantes indígenas foi aperfeiçoado. As provas objetivas e redação em Língua Portuguesa agora passam a ser seguidas de entrevistas com os candidatos. O Cespe/UnB, que nos dias 16, 17 e 18 de junho aplicou as etapas do vestibular em quatro estados da região norte, adotou esta fase para aprimorar o processo.

Neste ano, os estudantes indígenas concorrem a 11 vagas nos cursos de Agronomia, Ciências Biológicas (Licenciatura/Bacharelado), Medicina, Ciências Sociais, Engenharia Florestal, Nutrição e Enfermagem. Estão inscritos 867 candidatos. O vestibular é fruto de um convênio assinado em 2004 entre a UnB e a Fundação Nacional do Índio (Funai).

Um dos objetivos do convênio é que o estudante indígena obtenha o diploma de nível superior em uma profissão que possa ser exercida no âmbito da comunidade de origem. De acordo com a organização do processo, esse comprometimento será verificado durante a entrevista pessoal. A banca de entrevistadores vai procurar confirmar a integração que o candidato possui com as comunidades indígenas. A conclusão da entrevista será pela habilitação ou não do candidato no processo, explica o Coordenador de Provas Práticas do Cespe/UnB, Luiz Mário Couto. Os critérios utilizados para tanto são a autodeclaração do candidato e a demonstração de que ele tenha conhecimento e envolvimento com a realidade indígena.

O Decano de Ensino de Graduação da UnB, José Américo Soares Garcia, avalia que as entrevistas pessoais tornam o processo mais transparente, com proposta semelhante ao Sistema de Cotas para Negros do vestibular tradicional. O nosso intuito é democratizar o acesso à universidade, declara.

A participação na entrevista pessoal é obrigatória. A ocasião também permitirá que a coordenação do processo faça uma checagem da documentação do candidato necessária para comprovar sua origem. Conversando com o candidato será possível questioná-lo sobre a razão de alguma documentação não ter sido entregue ou alguma assinatura não ter sido apresentada. Essa é uma oportunidade do indígena se expressar quanto às lacunas de sua documentação e a banca vai julgar, com base nas respostas, se habilitará o candidato, esclarece Luiz Mário Couto.

APRIMORAMENTO Dentre a documentação necessária, o estudante indígena deve apresentar histórico escolar que comprove que ele concluiu ou está concluindo o ensino médio em escola pública ou que seja bolsista integral em escola particular. O candidato também deve preencher um questionário sociocultural, apresentar a autodeclaração por escrito e uma ata de reunião da comunidade da qual pertence com o detalhamento da sua relação com a aldeia e justificativa para a escolha do curso.

A Funai considera que a comprovação destes requisitos é essencial para o processo seletivo. André Raimundo Ferreira Ramos, Coordenador Geral Substituto da Coordenação Geral de Educação da Funai, argumenta que muitos candidatos acabavam sendo eliminados por não terem entendimento das condições de participação e da documentação. A realização da entrevista aprimorou a seleção em dois sentidos: verificar o comprometimento do candidato e o interesse da comunidade em sua formação no ensino superior e a complementação dos dados da documentação, afirma ele.

André Raimundo lembra que a realização do vestibular atende a uma demanda dos povos indígenas pelo direito de acesso ao ensino superior. Segundo ele, o papel das comunidades no processo é muito importante e houve uma mudança de paradigma da realidade indígena com a assinatura do convênio entre a UnB e Funai. O acompanhamento da permanência e tutoria acadêmica e do vínculo do estudante com as origens está sendo aprimorado. Os estudantes ganham passagens custeadas pela Funai para passar férias em suas aldeias e têm orientação dos professores para realizar trabalhos comunitários. Essa iniciativa está sendo aprimorada e ganhando corpo, conta, completando que, assim, o investimento de recursos públicos em educação tem o devido retorno para a sociedade.

A cada seleção, as cidades de aplicação mudam para ampliar a oportunidade de integrantes de mais aldeias participem do processo. Em 2011, as provas foram aplicadas em cidades do Mato Grosso, Roraima, Acre, Rondônia e Amazonas. Neste ano, as cidades de aplicação de provas foram Oiapoque (AP), Cruzeiro do Sul (AC), Tabatinga (AM) e Porto Velho (RO). A relação dos candidatos aprovados em primeira chamada será divulgada no dia 19 de julho no site do Cespe/UnB.

CONVIVÊNCIA Atualmente, 63 alunos da UnB são indígenas e estudam no Campus Darcy Ribeiro, em Brasília. Eles recebem da Funai um auxílio financeiro mensal de R$ 900,00 para manutenção na capital. Os estudantes indígenas precisam seguir uma série de regras, como manter a frequência às aulas e obter desempenho aceitável, para receber o benefício. As atividades de convivência entre eles incluem recepção dos calouros, comemorações de datas festivas, como o Dia do Índio (19 de abril), entre outras. As ações são para que eles se sintam à vontade, mas entre os grupos existem diferenças e isso fica claro na rotina de cada um deles, assinala Umberto Euzébio, Coordenador Acadêmico dos Estudantes Indígenas da UnB.

VESTIBULAR DO CAMPO No mesmo fim de semana de provas para os indígenas, o Cespe/UnB realizou a aplicação, no dia 16 de junho, da prova objetiva e da prova de redação do Vestibular para ingresso no curso de graduação de Licenciatura em Educação do Campo. A UnB abriu 60 vagas para a seleção. O objetivo é ampliar e interiorizar a oferta de ensino superior público e gratuito e incentivar a formação de professores que atuarão na educação básica em escolas do campo no Distrito Federal, cidades do Entorno do DF e Goiás.

O processo deste ano registrou 902 inscritos. Participam da seleção professores e outros profissionais da educação que atuem em escolas do campo, em centros de alternância ou em experiências educacionais alternativas de Educação do Campo, ou com atuação em programas governamentais que visem à ampliação do acesso à educação básica da população do campo, além de jovens e adultos de comunidades do campo que tenham o ensino médio concluído ou em fase de conclusão e ainda não tenham formação em nível superior. As provas foram aplicadas nas cidades de Cavalcante (GO), Formosa (GO) e Planaltina (DF).


Fonte: Cespe/UnB