Rio de Janeiro - "O grande diferencial da nossa exposição é a presença dos próprios indígenas, que fazem parte da equipe que concebeu o projeto, executou a montagem e que, principalmente, estará recepcionando o público".
Rio de Janeiro - Uma nova abordagem da cultura dos povos indígenas brasileiros, em que as tradicionais ocas convivem com a moderna tecnologia dos tablets e ipads, é a proposta de uma exposição, inaugurada sexta-feira (1º), na Caixa Cultural do Rio de Janeiro.
Parte da programação cultural da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, a mostra Séculos Indígenas no Brasil proporciona ao visitante o passeio por uma imensa estrutura, em formato de cobra, na qual nove ambientes oferecem uma visão crítica da realidade dos índios brasileiros.
"O grande diferencial da nossa exposição é a presença dos próprios indígenas, que fazem parte da equipe que concebeu o projeto, executou a montagem e que, principalmente, estará recepcionando o público", destaca o cineasta e produtor cultural Frank Coe, coordenador-geral da mostra. Dentro da estrutura cenográfica, feita com bambus, palhas, troncos, junco e argila, o visitante pode acompanhar a cronologia histórica dos primeiros habitantes do Brasil, com imagens rupestres, mapas e gravuras de época. Também podem ver e manusear objetos do artesanato de várias etnias indígenas.
Fotos, filmes, vídeos, telas de LCD e tablets para consulta do público também fazem parte dessa exposição multimídia. "Os povos indígenas no Brasil de hoje reivindicam o acesso à tecnologia e a nossa exposição tenta mostrar esse casamento possível dos conhecimentos tradicionais, da sabedoria milenar dos índios com a tecnologia de ponta", observa o coordenador da mostra.
Um dos ambientes do "corpo da cobra" que ocupa uma área de mais de 450 metros quadrados é um cinema onde são exibidos fragmentos dos documentários Maira, de Darcy Ribeiro: um Deus Mortal? e Lutzenberger: For Ever Gaia, além do filme Reflexões do Curumin.
"Darcy e Lutzenberger são personalidades que marcaram tanto o movimento indigenista como a causa ambientalista no Brasil", diz Coe. Segundo ele, nos depoimentos de Darcy Ribeiro e do ambientalista José Lutzenberger e também nos de lideranças indígenas como Álvaro Tukano e Ailton Krenak, o público é convidado a uma reflexão sobre as questões que são o eixo de discussão da Rio+20. "A sabedoria dos povos indígenas e a forma deles de se organizarem e viver têm muito a nos ensinar e a apontar caminhos alternativos aos que hoje estão nos levando a uma situação de insustentabilidade".
Séculos Indígenas no Brasil fica em cartaz até 30 de junho e terá na sua programação vários eventos paralelos, como performances musicais e de dança, lançamento de livros e recepção a lideranças indígenas nacionais e internacionais que virão para a Rio+20. Essas atividades serão realizadas em uma grande instalação de bambus, montada no foyer da Caixa Cultural.
A exposição tem apoio dos ministérios da Cultura e da Educação, da Universidade de Brasília (UnB) e patrocínio da Caixa Econômica Federal. A visitação, com entrada franca, é aberta de terça-feira a domingo, das 10h às 21h. A Caixa Cultural fica no centro do Rio.
Fonte: www.africa21digital.com