Construído em outubro de 2006, o já conhecido “centro de referência indígena” localizado nas instalações do Inpa é formado por exposição de produtos artesanais e manifestações culturais.
Manaus - Em uma cerimônia que reuniu estudantes de escolas das redes pública e privada de ensino, além de indígenas, o Governo do Amazonas e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) reabriram, neste sábado (31), a “Maloca Intercomunitária Indígena”. A ação fez parte das comemorações do aniversário de 17 anos do Bosque da Ciência, completados neste domingo, dia 1º. de abril.
Construído em outubro de 2006, o já conhecido “centro de referência indígena” localizado nas instalações do Inpa é formado por exposição de produtos artesanais e manifestações culturais. São oito metros quadrados de área, ocupada por seis organizações indígenas e com espaço permanente no Bosque da Ciência.
A reabertura da maloca foi realizada com as presenças do secretário em exercício da Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind), José Mário Mura; do presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), Luiz Castro (PPS); e do diretor em exercício do Inpa, Estevão Monteiro. “É um espaço de suma importância na questão de geração de renda para as comunidades, que também serve de referência para o gringo e de divulgação do trabalho realizado pelos próprios povos indígenas”, destacou José Mário. Ele apontou a parceria da Seind com o Inpa, como fator positivo na aproximação das ciências tradicionais indígenas e não indígenas.
Para Estevão Monteiro, o trabalho realizado na maloca vai além da integração dos povos indígenas com a sociedade em geral. “É uma prova de que o conhecimento tradicional precisa ser cada vez mais reconhecido”, disse o diretor.
Coordenada pela Seind e em ritmo de puxirum (termo indígena que significa trabalho comunitário), a reforma começou no último mês de dezembro e terminou na segunda quinzena de março.
Fortalecimento
Além das manifestações culturais, os indígenas começaram a retomar a exposição de artesanato, com o objetivo de fortalecer organizações como a de dona Deulinda Prado, 71, do povo Dessano. Oriunda de São Gabriel da Cachoeira (a 858 quilômetros de Manaus), ela foi a primeira coordenadora da Associação das Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro (Amarn). Entidade completou 25 anos no último dia 27 e é formada por 49 associadas. Desse total, aproximadamente 20 delas trabalham com o artesanato que é exposto na maloca.
Entre os produtos mais procurados estão os cestos feitos com palhas de arumã e os colares de tucum. Os preços variam de cinco a 30 reais. “Tudo que é arrecadado é contabilizado pela própria Amarn e o benefício chega até os indígenas do rio Negro, pois eles nos fornecem a matéria-prima”, observou Deulinda.
A estudante Cristiana Pontes, 16, aproveitou a presença na maloca para presentear a colega de sala Ana Cristina, que comemorou aniversário na última terça-feira. “Estou dando esse brinco para ela, que tem um toque diferente do que a gente costuma ver por aí”, elogiou a aluna, que cursa o terceiro ano do ensino médio no colégio Santa Dorotéia.
Outras organizações
As outras organizações indígenas que se revezaram no trabalho de reforma e que estão com produtos na maloca localizada no Inpa são: Associação das Mulheres Indígenas Sateré-Mawé (Amism), Associação Wotchimaucü, Associação das Artesãs Poteriharã (APN), Associação Bayaruá e Associação Kotiria, do povo Wanano.