Cuiabá – Estudantes de arquitetura do Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Zurique (Eidgenössische Technische Hochschule Zürich - ETH) visitaram o prédio do Espaço Sebrae de Conhecimento, no último fim de semana. Eles estiveram na unidade para conhecer sobre a arquitetura indígena brasileira. O grupo veio acompanhado de dois professores assistentes e da brasileira Lara Borgovini, que faz doutorado na tradicional instituição suíça, em funcionamento desde 1854.
A comitiva foi recebida pelo técnico do Sebrae no Mato Grosso, Nager Castilho Amui, e pelo arquiteto José Afonso Botura Portocarrero, autor do projeto do Centro Sebrae de Sustentabilidade, que proferiu uma palestra sobre a arquitetura dos índios, que inspirou o projeto. Construído para ser uma prova de práticas sustentáveis para os empresários das micro e pequenas empresas, o Espaço Sebrae de Conhecimento abriga do Centro Sebrae de Sustentabilidade. A unidade é referência para projetos e iniciativas do Sistema Sebrae.
Portocarrero destacou a importância da iniciativa do Sebrae, que abriu a possibilidade de um projeto com o desenho de uma casa indígena. “Normalmente, o branco leva o desenho mais pobre de sua casa para as aldeias indígenas e eles (os índios) têm um desenho rico, complexo e soluções muito bem resolvidas”, acrescentou. O arquiteto lembrou que nunca se ouviu falar de uma casa indígena que tivesse sido levada pelo vento, atingida por tempestades ou inundações de rios. Ele explicou aos visitantes que os cursos de arquitetura brasileiros se voltaram para o estudo das edificações europeias. Por isso, há pouca tradição de estudo das casas indígenas no país. “Isso deixou uma lacuna no nosso vocabulário de arquitetos”, disse.
Ele contou que sua experiência com as construções dos índios brasileiros começou com uma pesquisa sobre 10 povos para o projeto de uma casa de saúde indígena, encomendado pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), que acabou não saindo do papel. O trabalho possibilitou que ele se aprofundasse no assunto em suas teses de mestrado e doutorado. Em 2010, lançou pela editora Entrelinhas, com apoio do Sebrae, o livro Tecnologia Indígena em Mato Grosso. “Ao longo do trabalho, fui descobrindo coisas incríveis. A casa indígena parece simples e leva um tempo para se entender a complexidade do desenho. Por trás dele, há uma cultura que muitas vezes, demoramos a compreender”, contou.
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