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Festival projeta o cinema indígena brasileiro

A 16ª edição do forumdoc. BH – Festival do Filme Documentário e Etnográfico de Belo Horizonte começa nesta quarta (21/11) em constante solidificação de um espaço de exibição e discussão do cinema como forma de posicionamento estético e político. Em meio a controvérsias e comoção social em relação aos índios guarani-kaiowá – ameaçados de serem expulsos das terras que ocupam no Mato Grosso -, o festival volta as atenções para a questão indígena.

Não é a primeira vez, claro. Na essência, o forumdoc sempre se preocupou em levar para sua programação filmes sobre ou de indígenas. Mas a escolha, para a abertura do evento hoje, do média-metragem “Xapiri”, definido como “um filme experimental sobre o xamanismo yanomami”, não foi por acaso. “É claro que pensamos nos guaranis quando fomos definir o que exibir na primeira sessão”, assume Carla Maia, uma das organizadoras do forumdoc. “O festival existe por essa aliança entre o cinema e a antropologia e também nos interessa pela alteridade, por pensar o mundo através das relações entre os povos”.

Xapiri

Carla aponta que a questão indígena, na verdade, nunca saiu de pauta, tanto que os filmes a abordarem esse universo sempre estiveram presentes no forumdoc. “Nos últimos 20 anos, aumentou muito a produção especialmente feita pelos próprios indígenas, em projetos como o Vídeo nas Aldeias, certamente o principal deles”, comenta ela. “Com isso, os índios vêm ganhando mais autonomia para se autointerpretarem, seja fazendo seus filmes por conta própria ou colaborando em trabalhos alheios, como aconteceu com Takumã Kuikuro em ‘As Hipermulheres’ (codirigido ainda por Leonardo Sette e Carlos Fausto)”.

Carla Maia chama atenção para o curta-metragem “Pele de Branco”, que está na competitiva nacional, e tem direção justamente de Takumã Kuikuro, o mesmo de “As Hipermulheres”. O filme trata da relação dos povos do Alto Xingu com as novas e moderníssimas tecnologias desenvolvidas nas sociedades urbanas.

“Ainda não temos o entendimento pleno das relações indígenas, porque elas passam por contextos históricos que não se resolveram”, aponta Carla. “O cinema de ficção brasileiro, por exemplo, está léguas de distância de qualquer tentativa de olhar para esse universo e para o passado”.

O forumdoc de 2012 também volta sua atenção para outras duas discussões de relevo. Uma está na mostra A Mulher e a Câmera, espécie de “extensão” da bem-sucedida O Animal e a Câmera, do ano passado. Desta vez, estão filmes em que o tensionamento está entre quem filma e as mulheres filmadas – em títulos de cineastas como Helena Solberg, Naomi Kawase, Claire Angelini e Agnès Varda.

A outra mostra é intitulada Cânone e Contra-Cânone. Nela, o curador, Ewerton Belico, reuniu filmes brasileiros um tanto despadronizados e que não se encaixam em “movimentos” históricos como Cinema Novo e Cinema Marginal. “Eles dialogam com a produção popular no país sem, por isso, se encaixarem nas categorias já estabelecidas”, diz Ewerton.

Entre debates e encontro com realizadores, essa mostra vai exibir dípticos como “Sina do Aventureiro” (1958) e “Panca de Valente” (1968), em que José Mojica Marins e Luiz Sérgio Person, respectivamente, retratam o universo sertanejo a partir do imaginário em torno do faroeste, além de “Cassy Jones” (1972), de novo Person, e “A$ssuntina das Amérikas” (1976), de Luiz Rosemberg Filho, que fazem troça da comédia musical erótica.

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Marcelo Miranda
Marcelo Miranda é crítico de cinema do jornal O Tempo, de Belo Horizonte, foi curador do Festival de Brasília 2010 e é colunista da revista eletrônica Filmes Polvo. Você pode acompanhar suas matérias também no blog do Polvo.