Uma grande festa vai mobilizar, neste mês de julho, os índios cuicuros do Parque Indígena do Xingu. Não se trata de um dos rituais tradicionais, mas da inauguração do Centro de Documentação Kuikuro, parte de um projeto de registro cultural e lingüístico desse povo.
O trabalho de criação do Centro também gerou a exposição Tisakisü - Tradição e Novas Tecnologias da Memória, em exibição até 30 de julho no Museu do Índio do Rio de Janeiro.
Coordenado por Carlos Fausto e Bruna Franchetto, ambos do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o projeto teve início no ano 2000, a partir da demanda do chefe indígena Afukaká. Temendo a perda dos costumes de seu povo, Afukaká pediu ao antropólogo que documentasse todos os rituais.
- O trabalho de registro é imenso. Para se ter uma idéia, apenas das flautas sagradas, gravamos 18 horas de música sem repetição -, conta Fausto.
Em exibição no Museu do Índio estarão, além de textos e fotos, diversos vídeos realizados pelos cuicuros, especialmente pelos mais jovens, que encontraram na atividade uma nova motivação para se aproximarem da sua própria cultura.
- Com a incumbência de 'guardar a cultura' cuicuro, o contra-ataque que encontramos foi o de usar a própria magia dos brancos, ensinando como produzir mais e mais imagens, colocando a tecnologia a serviço da memória, na esperança de que isso sirva ao passado e ao futuro -, resume o antropólogo.
JB Online