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Índios vão estudar medicina em Cuba

Conselho dos Direitos Indígenas consegue intercâmbio e investe na educação dos jovens para melhorar condição dos povos

         

 Marcelo de Souza

Um dos principais atrativos de Cuba, para muitos jovens, é a faculdade de medicina, considerada uma das melhores do mundo. Não é à toa que centenas de brasileiros vão ao país de Fidel Castro todos os anos para estudar com os profissionais cubanos. No próximo dia 24, mais uma leva de 380 jovens vão sair do Brasil para realizar este sonho em Cuba. Entre eles, dois membros da comunidade indígena de Bauru, Clayton da Silva Pio Júnior e Marcelo Vinícius Pio Pinholi.

Após se inscreverem na embaixada cubana, em São Paulo, Clayton e Marcelo fizeram uma prova de seleção e foram aprovados. Nos próximos seis anos, os terenas vão se dedicar exclusivamente ao curso de medicina na ilha de Fidel. “É uma oportunidade única”, afirmam. E com razão. Os índios vão para Cuba com todas as despesas pagas. O curso é inteiramente bancado pelo governo cubano, com direito a hospedagem e alimentação, além do material didático e ajuda de custo.

Clayton destaca que fez uma pesquisa em algumas faculdades brasileiras e o curso de medicina mais barato no Brasil, segundo ele, não fica por menos de R$ 2.200,00 mensais, sem contar o material didático, que é bem caro. Após essa etapa de estudos em Cuba, a intenção dos terenas é voltar ao País e ajudar a comunidade indígena, que carece muito da ajuda de profissionais.

Outro membro da comunidade indígena local conseguiu bolsa para estudar no exterior. Descendente de terenas e caiapós, Karany Metuktire vai para Portugal no final do ano estudar direito ambiental. Ele vai ficar quatro anos em terras portuguesas e, assim como Clayton e Marcelo, pretende voltar após o curso para ajudar os povos índios. “O objetivo é esse, voltar para ajudar a comunidade indígena. Todos os bolsistas têm esse objetivo, ir para fora estudar e voltar para ajudar a comunidade”, ressalta Karany, cuja bolsa, com todos os benefícios, foi conseguida através da comunidade caiapó do Mato Grosso.

A presidente do Conselho dos Direitos e Defesa dos Povos Indígenas Urbanos do Centro Oeste Paulista, Jupira Terena, afirma que quando a oportunidade de enviar os jovens a Cuba surgiu, imediatamente o Conselho foi atrás dos trâmites necessários para que eles não perdessem a chance. “Eles estão se empenhando, lutaram para isso, e nós estamos muito orgulhosos deles, e espero que tenhamos um bom retorno deles”, ressalta.

 

Educação

Além dos bolsistas internacionais, o Conselho dos Direitos e Defesa dos Povos Indígenas Urbanos do Centro Oeste Paulista tem investido na educação dos jovens índios, através de bolsas conquistadas em parceria com instituições de ensino superior da cidade. Só no Instituto de Ensino Superior de Bauru (Iesb/Preve) são oito alunos da comunidade indígena, como a jovem Amanda Harue Pio Suzuki, de 18 anos, que estuda administração

Segundo a presidente do Conselho, Jupira Terena, o objetivo é ajudar a melhorar a condição de vida dos índios, começando pela inclusão social dos mais jovens. “A inclusão deve   vir através dos jovens, futuros profissionais que darão assistência aos povos, porque os índios de Bauru não têm o direito legalizado e nós estamos em busca dessas conquistas”, explica Jupira, lembrando que entre os bolsistas do Iesb há estudantes de direito, administração e pedagogia, áreas onde, de acordo com ela, o povo indígena carece de profissionais.

Para a presidente do Conselho, a luta pela educação dos jovens é fundamental para ajudar a melhorar a imagem do índio brasileiro e mostrar a capacidade dos povos indígenas. “É importante que eles levantem nossa bandeira, porque está todo mundo duvidando da nossa capacidade. Nós organizamos esse conselho justamente para ir em busca dessas conquistas”, afirma.