O IV Encontro Latino-americano de Governos Locais continua suas sessões hoje com a participação de mais de 60 prefeitos indígenas de 14 países do continente e outros 100 nacionais.
Mirna Cunningham, presidenta do Fórum Permanente sobre questões indígenas nas Nações Unidas, disse à Prensa Latina que a importância deste encontro radica nos processos que ocorreram nos últimos 20 anos.
Por um lado, disse, está a emergência do movimento indígena como protagonista político importante o que faz ver que é difícil falar de governabilidade nos países da região sem sua participação.
Veio-se reconhecendo através de diferentes instrumentos de direitos humanos, coletivos e individuais, aos povos indígenas e muitos dos países da região os adotaram em suas constituições e leis, acrescentou.
Na região começou um processo de reestruturação do estado, onde os povos indígenas não só participam nas máximas instâncias governamentais, senão que estão rearticulando esses governos e as prefeituras municipais, e criando seus próprios processos de autonomias.
Do Movimento Mapuche Lafkenche, o chileno Adolfo Millabur expressou que a importância deste evento radica na medida em que seus participantes entendam uma experiência como esta e sejam capazes ao mesmo tempo da reaplicar e discutir com as organizações das quais provem cada um dos representantes indígenas.
Em outra parte de seu comentário Millabur afirmou que a situação do povo Mapuche é muito complexa, há muitos governos.
Os mapuches levaram 300 anos de guerra contra os conquistadores espanhóis e agora depois da independência sempre tiveram uma relação difícil.
Nunca houve um diálogo respeitoso e de entendimento com os mapuches, apontou. Houve imposições e políticas de força. Os mapuches nunca se deixaram dominar e travam uma luta permanente. Há presos políticos, greves de fome.
Os mapuches lutam pela autonomia de seu território, observou. Que não significa como é no ocidente a independência de um estado dentro de outro estado, que ao pronunciá-lo é uma incongruência, sobretudo é uma luta pelos recursos naturais, minerais, a terra, a água, a pesca.
Sobre a situação de seu povo, Millabur ressaltou que são os que lideram os maiores índices de analfabetismo, pobreza e a escolaridade mais baixa no Chile.
Por sua vez, Xavier Albó, antropólogo espanhol, disse que este evento é um passo a mais dentro de algo que já não é local senão continental, que fortalece aos grupos que, sendo diferentes, compartilham um mesmo desejo de avançar no fortalecimento de seu modo de ser, e notou a alta representação por países da região.
Um amplo painel de expositores e convidados nacionais e estrangeiros debatem no encontro a situação atual da administração pública indígena no continente. Os participantes apresentam as experiências de seus municípios no gerenciamento de recursos, da terra e do território, bem como o avanço autonômico até hoje.
Tratarão particularmente sobre um intercâmbio de experiências sobre a admnistração de governos locais, sob a responsabilidade de Marcelino Chumpi, governador amazônico do Equador; Martín Condori, prefeito de Chirocasa, Bolívia; Inés Mejía, prefeita de Honduras; Bonifacio José, Brasil; Ulisses Valenzuela, Colômbia; entre outros participantes.
O IV Encontro Latino-americano de Governos Locais para Viver Bem nos territórios indígenas, camponeses e comunidades interculturais acontece até a próxima quinta-feira 17 de novembro nesta capital.
Fonte: site Prensa Latina
La Paz, 15 nov2011