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Carta de Diamantina dos Coletivos de Audiovisual Indígenas no Brasil

por DIALOGOS em ago 9, 2013

Reunidos em Diamantina, durante o 45o Festival de Inverno

da Universidade Federal de Minas Gerais, no contexto do Encontro de Realizadores Indígenas, nós, representantes de coletivos indígenas de produção audiovisual, organizações de apoio à produção indígena, professores e estudantes universitários, decidimos e propomos encaminhar a seguinte pauta urgente:

Diamantina, 25 de Julho de 2013.

Há na sociedade brasileira uma persistente invisibilidade das tradições culturais indígenas, e poucos instrumentos de difusão desta realidade. As imagens veiculadas na grande mídia são reiterativas de preconceitos e informações equivocadas sobre o universo indígena.

Tal situação contradiz o que determina a Constituição Federal em relação às populações indígenas e o que a mesma expressa sobre a necessidade de democratização dos meios de comunicação, como nos trechos:

1) o Artigo 231, que assegura às populações indígenas o “reconhecimento de sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições”;

2) os princípios declarados no Artigo 221, segundo os quais “A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão” darão “preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas”, à “promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação”, e à “regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei”;

3) o Artigo 215, que assegura que o Estado garantirá “a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”, citando especificamente a proteção das “manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras.”

Diante do exposto, reivindicamos perante o Estado brasileiro ações concretas que visem a promoção de políticas específicas na área do audiovisual para as populações indígenas, que contemplem:

- A formação continuada de realizadores indígenas através de oficinas e programas específicos de capacitação;

- Estímulo à produção de conteúdos audiovisuais indígena para o cinema, TV e novas mídias através de editais e prêmios específicos;

- Mecanismos e espaços adequados para a exibição e distribuição da crescente quantidade de trabalhos feitos por indígenas;

- As necessidades específicas das populações indígenas, oferecendo mecanismos desburocratizados e simplificados para a submissão de projetos, prestação de contas e registro de obras finalizadas;

- Produção de informação sobre os acervos audiovisuais portadores da memória indígena (incluindo aqueles relativos à violência perpetrada contra as populações indígenas ao longo do século XX), muitas vezes inacessíveis, de forma a garantir ampla repatriação dessa memória a suas comunidades de origem;

- A criação de espaços específicos para conteúdos indígenas nas diversas televisões públicas sob a gestão da EBC, assim como os canais legislativos (TV Senado, TV Câmara, TV Justiça), canais públicos estaduais, e canais de televisão universitários, e ao TV Escola do MEC;

- A retomada e ampliação de ações bem sucedidas, que promoveram o maior conhecimento mútuo entre indígenas e não indígenas, contribuíram para a minimização de conflitos e preconceitos, e que significaram uma janela de visibilidade para a produção audiovisual indígena, como é o caso do extinto programa A’Uwe da TV Cultura;

- O reconhecimento e a valorização das produções audiovisuais realizadas por indígenas como obras cinematográficas e de arte.

Nossa expectativa é que a Secretaria do Audiovisual coordene ações transversais referentes a essas políticas para o audiovisual indígena entre diversas esferas do governo, tais como as Secretarias e Institutos do Ministério da Cultura (dentre eles, o IPHAN), o MEC, o Ministério do Meio Ambiente, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, o Ministério da Justiça, a FUNAI e o Museu do Índio.

Todas essas ações devem conduzir à conquista de um espaço mais amplo de visibilidade e à abertura de uma janela para o rico universo da produção audiovisual indígena no Brasil hoje. Por fim, é imprescindível que tais esforços sejam conduzidos com a participação efetiva de cineastas indígenas, dos seus coletivos, das suas associações, e de organizações de apoio à causa indígena.

Solicitamos uma resposta a todas estas nossas reivindicações e pedimos uma audiência junto ao Ministério da Cultura e à Secretaria do Audiovisual.

Atenciosamente,

Patrícia Ferreira – Coletivo de Cinema Mbya-Guarani

Aldo Ferreira – Coletivo de Cinema Mbya-Guarani

Oriel Benites – Aty Guassu Guarani Kaiowa

Takumã Kuikuro – Coletivo de Cinema Kuikuro

Monai Kuikuro – Coletivo de Cinema Kuikuro

Isael Maxakali – Coletivo Maxakali de Cinema

Suely Maxakali – Coletivo Maxakali de Cinema

Elizangela Maxakali – Coletivo Maxakali de Cinema

Cassiano Maxakali – Coletivo Maxakali de Cinema

Tawana Kalapalo – Realizador Indígena Kalapalo

Divino Tserewahú – Realizador Indígena Xavante

Laércio Tseredzadadzuté – Realizador Indígena Xavante

Edgar Nunes Corrêa – Fotógrafo e realizador Xakriabá

Fabiane Duarte – Guarani Kaiowá, Tekohá Guiraroká

Argemir Freitas – Guarani-kaiowá

Saldo Capilé Jorge – Associação Cultural de Realizadores Indígenas ASCURI Guarani-Kaiowá

Valmir Gonçalves Cabreira – Guarani-Kaiowá, Tekohá Guaiviry

Zezinho Yube (José de Lima Kaxinawa) – Assessor de Assuntos Indígenas do Governo do Acre, Conselheiro do Vídeo nas Aldeias

Morzaniel Iramari Yanomami – Realizador Yanomami da Associação Hutukara

Amaitá Waiwai – Cacique Waiwai

César Guimarães – Professor do Programa de Pós-graduação em Comunicação Social da UFMG e Coordenador Geral do Festival de Inverno da UFMG.

André Brasil – Coordenador do Programa de Pós-graduação em Comunicação Social da UFMG

Vincent Carelli – Vídeo nas Aldeias

Ana Carvalho – Vídeo nas Aldeias

Ruben Caixeta de Queiroz – Coordenador do Programa Pós-Graduação em Antropologia da UFMG, Filmes de Quintal.

Carolina Canguçu – Associação Filmes de Quintal

Junia Torres – Associação Filmes de Quintal

Pedro Portella Macedo – Presidente da Associação Filmes de Quintal

Laine Milan – roteirista e diretora, diretora do programa A’Uwe na TV Cultura

Idelber Avelar – Tulane University

Marco Altberg – Diretor e produtor de Cinema, TV e novas mídias.

Maurice Capovilla – Cineasta Bona Fide

Luciana de Oliveira – Professora do Departamento de Comunicação Social da UFMG

Luísa Elvira Belaunde – Professora de Antropologia IFCS / UFRJ

Marina Guimarães Vieira – Professora de Antropologia UFBA

Bernard Belisário, estudante de mestrado em Comunicação Social – UFMG

Cristiane da Silveira Lima – Doutoranda em Comunicação Social UFMG e Coordenadora do Coletivo de Cineastas Indígenas do 45o. Festival de Inverno da UFMG.

Frederico Lobo – Txai Filmes

Ana Maria Gonçalves – Escritora

Ernesto de Carvalho – Estudante de Doutorado em Antropologia – NYU, Vídeo nas Aldeias

Janaína Ferreira – Estudante de Mestrado em Antropologia UFMG

Roberto Romero Ribeiro Junior – Estudante de Mestrado em Antropologia Museu Nacional UFRJ

Ramiro Queiroz – Estudante de Mestrado em Antropologia UFMG

Raquel Amaral – Mestrando em Antropologia UFMG

Ana Estrela – Estudante de Mestrado em Antropologia UFMG

Ana Fiod – Estudante de Mestrado em Antropologia Museu Nacional UFRJ

Julia Barreto Bernstein – Maraberto Filmes

Maria Luísa de Souza Lucas – Estudante de Mestrado em Antropologia Museu Nacional UFRJ

Jean-Sebastien Houle – Mestrando em Cinema, Université de Montreal

Joanna Espinosa – Estudante de Doutorado em Cinema de Paris I e UFF

Brenda Suyanne Barbosa – Estudante de Música , UFSJ

Karina Fuzaro – Estudante de Mestrado em Educação UFU

Lucas Vinícius Chamone Lima – Estudante de Mestrado em Química UFVJM

Sofia Robin Ávila da Silva – Estudante de Letras da UFRGS

Lucas Alves – Estudante de Ciências Sociais UFMG

Nadja Marin – Laboratório de Imagem e Som em Antropologia da USP

João Baptista Pimentel Neto – presidente do CBC – Congresso Brasileiro de Cinema;

Também subscrevem:

CBC – Congresso Brasileiro de Cinema;

Cinemateca Diálogos do Sul;

CREC – Centro Rio-Clarense de Estudos Cinematogrpaficos;

Difusão Cineclube;

Espaço Cultural Diálogos do Sul;

FAIA – Festival de Atibaia Internacional do Audiovisual;

Observatório Cineclubista Brasileiro;

(Fonte: http://www.dialogosdosul.org.br/websul/carta-de-diamantina-dos-coletivos-de-audiovisual-indigenas-no-brasil/)