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Arte indígena é reconhecida como Patrimônio Cultural do Brasil

Bonecas Karajá são reconhecidas como Patrimônio Cultural do Brasil

Cenas esculpidas em barro e ornadas com precisos traços em preto e vermelho, assim são as bonecas Karajás, o artesanato mais produzido pelas mulheres da etnia indígena Karajá, da Ilha do Bananal, que conquistou a aprovação da proposta que oficializa os modos de fazer as Bonecas Karajá como Patrimônio Cultural do Brasil, realizado esta semana em reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural em Brasília (DF).

O evento contou com a participação da coordenadora indígena da Secretaria de Estado da Cultura, Narubia Karajá, que esteve representando o povo indígena tocantinense e a secretária da Cultura, Kátia Rocha.

Para Kátia Rocha, esta é mais uma conquista para o Estado. "Este é o primeiro artefato indígena reconhecido como patrimônio imaterial nacional, abrindo um espaço importante para o Tocantins e para o país, no sentido de valorizar, se apropriar e contemplar a riqueza cultural do Brasil", declarou a secretária.

A coordenadora Narubia Karajá participou da reunião em Brasília e emocionou os conselheiros ao falar sobre o significado da conquista para o povo Karajá. "É um momento histórico para nós indígenas que lutamos pela sobrevivência, tanto física quanto cultural, no sentido de serem reconhecidos os saberes tradicionais. Além disso, reafirma a importância dos povos indígenas para o Brasil, diferente do que ocorreu ao longo do tempo em que a arte e o conhecimento indígena foram ignorados ou tidos como primitivos para ser considerados relevantes ao país", discursou Narubia, explicando ainda sobre os valores sociais que as bonecas têm para o povo Karajá. "As bonecas retratam a visão e o modo de viver e ajudam a repassar histórias místicas da origem do povo Karajá. Elas carregam também valores sociais, cosmológicos e pedagógicos para as crianças como a estrutura familiar, comportamento social e regras em sociedade. Isto é repassado para a menina ao obter seu primeiro brinquedo, que é a boneca Karajá", completa.

Segundo o superintendente do IPHAN no Tocantins, Erialdo Pereira, o próximo passo do processo consiste da elaboração de um plano de salvaguarda. "Vamos buscar junto aos povos indígenas, o Iphan de Goiás, o Departamento de Patrimônio Imaterial de Brasília e outras instituições como a Secretaria Estadual da Cultura, elaborar um plano de salvaguarda, que são ações que visam preservar este bem, além de formar um comitê gestor que irá gerir este plano", explicou o superintendente.

A proposta foi apresentada ao Iphan pelas lideranças indígenas das aldeias Santa Isabel do Morro, Watau e Werebia, localizadas na Ilha do Bananal, no Tocantins (TO) e das aldeias Buridina e Bdè-Burè, localizadas em Aruanã, Goiás (GO), com anuência de membros das aldeias Buridina, Bdè-Burè e Santa Isabel do Morro.

O projeto Bonecas Karajá: Arte, Memória e Identidade Indígena no Araguaia, iniciado em 2009, vem sendo supervisionado pelo Departamento de Patrimônio Imaterial – DPI/Iphan e coordenado pela Superintendência do Iphan em Goiás, que privilegiou o estudo dos aspectos imateriais das bonecas Karajá. As pesquisas para identificar e documentar o ofício, os modos de fazer e as formas de expressão que envolvem a produção das Bonecas Karajá foram realizadas com a comunidade nas aleias karajás Buridina Mahãdu e Bdé-Buré, em Aruanã (GO), e da aldeia de Santa Isabel do Morro, ou Hawalò Mahãdu, na Ilha do Bananal (TO). Durante o trabalho de quase dois anos, foram identificadas as matérias-primas, técnicas e etapas de confecção, além dos mitos e histórias narradas pelos Karajá que expressam a rica relação entre seu povo e o rio, a fauna e a flora, as relações sociais e familiares e a organização social.

Fonte: surgiu.com.br


27/01/2012 19:33:36